Marcos 6b-13
http://www.cruzblanca.org/hermanoleon/ |
Gostaria de compartilhar alguns princípios que aprendi a respeito da proclamação do evangelho que devem nortear aqueles que desejam proclamar o evangelho. As vezes uso o termo "plantador" por que este texto é parte de um trabalho que escrevi sobre plantação de igrejas.
O
primeiro princípio é que é necessária capacitação para que a proclamação do
evangelho seja levada a efeito de modo satisfatório. O Senhor Jesus envia
aqueles a quem ele separou e capacitou de maneira especial para esse fim. Em
dias em que o evangelho tem sido confundido com teologia de autoajuda e
prosperidade, é necessário conhecer e saber aplicar o conteúdo do evangelho no
contexto em que o plantador está inserido.
Outro
ponto que fica claro no texto é que a proclamar o evangelho é o mesmo que
ensinar o evangelho. Esse ponto surge do modo como Jesus exercia sua missão. O
Texto diz que ele ensinava (διδασκων), o que pressupõe que a proclamação do
evangelho não era algo instantâneo, que se resolvia tão somente com uma exposição
de 5 minutos e um “levantar de mãos”. Os doze haveriam de se
hospedar nos lares e permanecer ali até cumprirem sua missão de ensinar o
evangelho do Reino de Deus.
Em
terceiro lugar, os discípulos não tinham autoridade para fazer o que faziam
vinda de si mesmos. Eles foram revestido de autoridade pelo Senhor Jesus, o que
testificava a autoridade que tinham era o poder manifesto na cura e na expulsão
de demônios. O uso do óleo, antes de ser compreendido com algo de uso medicinal
ou um elemento misteriosamente poderoso e capaz de curar, deve ser interpretado
como um símbolo do Espírito Santo, ou seja, da ação de Deus. A unção com óleo
na cura de alguém pelos discípulos deveria simbolizar que o poder de curar não
vinha deles, mas do próprio Deus.
Outra
lição que fica patente é que eles deveriam depender totalmente de Jesus no
exercício de sua missão. Eles deveriam buscar em primeiro lugar o Reino
de Deus e a Sua Justiça, que as demais coisas seriam acrescentadas (Mateus
6.33). Ele eles haveriam de ver confirmada nesta primeira experiência
evangelística longe do Grande Mestre, a confirmação de Sua promessa (Lucas
22:35).
Fica
claro também que, pela natureza das ordens de Cristo, os discípulos deveriam
compreender que a proclamação do evangelho, e consequentemente a plantação de
igrejas, não tem por objetivo o lucro financeiro. O pregador do Evangelho é o
portador da Palavra de Deus e não do Gazofiláceo. É muito embora, as Escrituras
estabeleçam claramente o direito ao salário daqueles que se dedicam
integralmente à proclamação do Evangelho (1 Coríntios 9.9-14), ele também
estabelece, que mesmo estes não devem exercer seu ministério visando lucro (2
Coríntios 2.17).
Finalmente,
o conteúdo da mensagem do evangelho continua a girar em torno do arrependimento
(v.12, conf. Lucas 24.47). Essa foi a mensagem do Senhor Jesus, foi a mensagem dos apóstolos e deve ser a mensagem da Igreja.
Associado a isso, o fato de serem enviados de dois
em dois, significa mais do que a mútua cooperação na pregação, mas também pelo
fato de que, na cultura judaica, o testemunho de duas pessoas a respeito de
algo se estabelece a veracidade dos fatos (Deuteronômio 17.6; 19.15; 2
Coríntios 13.1; 1 Timóteo 5.19). Portanto, a fidelidade quanto ao conteúdo era
fundamental para que toda a missão fosse revestida de êxito. Não era a conversão
das pessoas que estabelecia esse fato (v.11), mas a fidelidade com o conteúdo
do evangelho.
Pregar o Evangelho é coisa séria, e deve ser compreendido plenamente para que possamos fazê-lo com dignidade e correção!