quinta-feira, 31 de maio de 2012

Evangelização, uma questão de Obediência!


Você já deve ter ouvido alguém dizer que não tem dom para evangelizar e por isso não se arrisca a falar das boas novas do Reino de Deus para as pessoas com medo de falar algo errado. É verdade que certas pessoas têm mais facilidade para falar do que outras, por serem mais extrovertidas ou por estarem ligadas ao ensino em suas igrejas. E quando vemos que existem irmãos com mais desenvoltura que a gente para tratar dessa questão, descansamos no pressuposto de que tais pessoas são assim por que tem dom específico para isso enquanto elas não.
O problema surge quando lemos no evangelho de Mateus que nosso Senhor Jesus nos deu uma ordem; e a deu para todos os membros do seu corpo, a Igreja. Assim sendo, a proclamação do evangelho não é apenas uma questão de exercício de certos dons, mas de obediência. Parece-me que alguns pontos precisam enfatizados.
O primeiro é: Se existe um dom que é exigido para pregar o evangelho, este é o dom da salvação. Sim! Aquele que pretende obedecer a ordem de cristo precisa ter atendido primeiro a mensagem que ele pretende pregar. Não se pode pretender que alguém obedeça algo que nem você mesmo ainda obedeceu. É preciso ser convertido para ser usado por Deus na conversão de outras pessoas.
Outro ponto que precisa ser observado é que a proclamação do evangelho não é um evento, mas um estilo de vida. Muitos acham que evangelizar é somente quando marcamos um sábado à tarde e, com folhetos nas mãos, vamos de dois em dois, de casa em casa e ou abordando as pessoas no meio das ruas. Tais coisas podem funcionar, mas estão longe de ser a proposta do Reino de Deus para a sociedade. Quando Jesus enviou os setenta de dois em dois, Ele não tinha a intenção de criar um método evangelístico, mas de evangelizar e  mostrar para as cidades que o Reino de Deus estava próximo, na verdade estava entre ele. Assim sendo, a proclamação das Boas Novas é algo que deve fazer parte do nosso dia a dia, uma mensagem que compartilhamos principalmente com nossos amigos, com as pessoas com as quais convivemos e teremos tempo de acompanhar, apoiar e discipular.
No entanto, alguns podem estar perguntando: Então para que serve o pastor? Não é ele quem deveria pregar o evangelho? O papel da gente não é criar o evento e colocar o pastor lá na frente para pregar? Afinal ele não recebe para isso? Você pode achar que não, mas existe gente tacanha o suficiente para pensar desse jeito. São pessoas acostumadas a pensar em evangelização nos termos que eu coloquei acima, em termos de eventos. São os crentes “Lady Kate” que, direta ou indiretamente, vivem dizendo “Tô pagaaando”. É isso mesmo, acham que por darem dízimo e oferta para missões estão quites com a missão. A percepção que tais pessoas têm a respeito do ministério pastoral denuncia o cristianismo consumista em que elas vivem. Elas não sabem que o papel primordial do ministro da Palavra é equipar os santos. Sim! Ensiná-los e capacitá-los a irem e viver um cristianismo que proclame o evangelho com os lábios e com a vida.
Somando-se a isso devemos levar em consideração que, não obstante o fato da mensagem do evangelho ser sublime e constituir no maior mistério (algo que estava oculto, mas que foi revelado) de todos; ela não é necessariamente complexa de se explicar; pode ser complexa para se aceitar mas não para se explicar. Mas como não somos capazes de converter ninguém, nem mesmo de convencê-los, tudo que temos que fazer é sermos fiéis ao conteúdo da mensagem que diz que o Deus Todo Poderoso exige que todos se reconciliem com Ele mediante o arrependimento e a fé no Seu Filho Jesus Cristo para que seus pecados sejam cancelados, para que eles sejam declarados justos, feitos filhos de Deus e herdeiros da vida eterna.
É isso aí, evangelizar é uma questão de obediência! Por isso procure meios de aprender a evangelizar com fidelidade, os métodos são instrumentos interessante, mas o conteúdo da mensagem é primordial. Busque cumprir a missão para a qual Deus te chamou!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Saudades das “Tolas” Discussões do Passado



Lembro-me que quando o Senhor Jesus me salvou logo me deu uma vontade muito grande de conhecer as Doutrinas da Igreja. Pedi a um amigo seminarista que me indicasse um livro que tivesse as doutrinas da Bíblia e ele me indicou um livro de Teologia Sistemática de Louis Berkhof muito conhecido dos seminários presbiterianos. É isso mesmo! depois da Bíblia, um dos meus primeiros livros cristãos foi logo um livro de Teologia Sistemática. Com um pouco mais de um ano de conversão eu já estava familiarizado  expressões como “Supralapsarianismo”, “prémilenismo dispensacionalista” e coisas deste tipo.
O problema foi que muita teologia e pouca oração fez de mim uma pessoa afeita a discussões teológicas.  Vez por outra eu me via discutindo com batistas sobre a forma de batismo, a doutrina das últimas coisas (o milênio principalmente); e também discutia com os amigos da Assembleia de Deus sobre a questão do batismo do Espírito Santo, dons de língua e etc. Reconheço que nem sempre o meu prazer estava em defender a fé, mas em vencer as discussões! Com o passar do tempo isso foi acabando e com a “maturidade” percebi que tais discussões eram tolas e sem sentido.
Por outro lado todo o movimento evangélico estava mudando. O relativismo não mais permitia discussões doutrinárias e o pluralismo fazia com que as pessoas cressem em tudo, até naquelas coisas que não podiam coexistir, que eram contraditórias em si mesmas.  O evangelicalismo brasileiro que a muito tempo não tinha mais a vestes das igrejas históricas, já estava se despindo dos trajes pentecostais e se cobrindo com a roupagem neopentecostal. Agora os  evangélicos estavam crendo em tudo, um paganismo disfarçado adentrou pelas portas das igrejas e tomou conta de tudo. A relativização moral promovida pelo abandono das doutrinas bíblicas e pela descrença de valores absolutos moldou e continua a moldar a maioria dos crentes brasileiros. Hoje ninguém mais discute doutrina, porque doutrina não é interessante. A  Bíblia, que continua batendo recordes de venda é lida só em suas notas de rodapé (para ajuda financeira, saúde, autoajuda e etc).
Minha mente voltou ao passado, na lembrança das discussões “Tolas” e as lágrimas me vieram aos olhos com saudades daquela época. Não por causa das discussões em si, mas por aquilo que elas representavam. Aquelas discussões apontavam para denominações que valorizavam doutrinas conectadas a princípios bíblicos preciosos.
O que eu quero dizer é que aquelas discussões sobre forma de batismo eram importantes porque as igrejas ainda davam importância para a união espiritual do povo de Deus. Elas criam que existia uma Igreja Visível, que o Rito de entrada nesta igreja era o batismo, independente da forma.  Presbiterianos, batistas, metodistas, assembleianos, congregacionais e outros entendiam que mais importante que o número de membros, era o membro em si, chamava-os de irmãos porque passaram pelo batismo, foram recebido no corpo da igreja e o que acontecesse com eles os atingiria também.
As discussões sobre milenismo, pósmilenismo e amilenismos indicavam para aquelas igrejas que a volta do Senhor Jesus era importante, e que a interpretação que davam a respeito do Seu retorno demonstrava a expectativa. Eu, na minha “tolice”, podia dizer para um batista ou assembleiano que quando Jesus voltasse a gente ia tirar a “prova dos nove” para ver quem tinha razão. Mas o que estava por traz disso era que eu cria que todos nós pela fé no mesmo Cristo estaríamos juntos depois da consumação de todas as coisas, porque independente de nossas diferenças em questões secundárias, eu os tinha como irmãos.
As discussões “tolas” sobre se o crente deveria buscar o “Batismo” com o Espírito Santo ou o “Enchimento” do Espírito demonstravam que a grande parte dos crentes que criam nessas coisas estavam, a seu modo, buscando santidade, avivamento e capacitação para o serviço cristão. Sim as igrejas queriam pregar o evangelho da melhor maneira possível, queriam ser usadas por Deus, queriam ser submissas às Escrituras Sagradas, queriam comunhão verdadeira, queriam que o Senhor Jesus voltasse logo. Sim as discussões eram tolas, mas indicavam algo bom!
Hoje ninguém discute mais! E eu me pergunto: Será que alcançamos a maturidade cristã de nos firmarmos em questões essenciais e sermos tolerantes nas não essenciais? Eu temo que a resposta seja “não”. Penso que as questões doutrinárias tão importantes para a vida da igreja deixaram de ser importantes para a grande maioria dos evangélicos. Comunhão, Santidade, Justificação, Parousia deixaram de ser prioridades. Pergunto-me se a maioria dos crentes de hoje saberiam responder “porque Cristo morreu em uma Cruz”.  Se não sabem, elas simplesmente não são salvas, por que esta não é uma questão secundária, mas central, assim como a doutrina da Trindade, da Ressurreição e outras. Se não cremos nelas, porque não as conhecemos, simplesmente não existe cristianismo, e nas palavras do Apóstolo Paulo, “é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”. (1 Coríntios 15.17)

Não! não amadurecemos, por isso ainda sinto saudades das “Tolas discussões” do passado!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

“Palmas para Jesus”


A Algum tempo escrevi um texto sobre palmas (aplauso) que a agora transcrevo acrescentado de alguns parágrafos.

Vou apontar alguns argumentos que me fazem discordar do gesto de “Bater palmas para Jesus” ou “aplaudir Jesus” ou mesmo aplaudir o grupo que está cantando em um culto.
Antigamente, ninguém aplaudia ninguém nas igrejas, todos eram muito reservados e desconfiavam desse tipo de atitude. A  ideia de aplaudir Jesus surgiu nos Shows Gospel promovidos pelas rádios e gravadoras evangélicas e depois começou a ser reproduzida nas igrejas;
É errado aplaudir o cantor ou o grupo que está pretensamente adorando a Deus, justamente por isso; porque a adoração é a Deus e não a homens e em segundo lugar, aplaudir é errado porque não constitui uma forma bíblica de adoração à Deus, como veremos mais abaixo;
É errado aplaudir no culto porque é um gesto de aprovação como declara o dicionário Caldas Aulete: “... Demonstrar aprovação a (algo, alguém ou si mesmo); APROVAR(-SE); ELOGIAR(-SE). [td.: aplaudir uma decisão: Aplaudiram -se pela brilhante ideia.]”. O Adorador não está em condição de aprovar nada, pois se tivesse, estaria também na condição de reprovar. Nós aplaudimos filmes, peças teatrais e artistas porque aprovamos e gostamos do que eles fazem, mas se não gostamos, acabamos vaiando. O que muitas pessoas não conseguem ver é que se o culto fosse teatro, Deus é que estaria no banco e os adoradores no palco. É Deus quem aplaudiria ou reprovaria o nosso culto. E é exatamente isso que Ele faz quando há pecado no culto (Isaías 1.13-15).
Pra quem é protestante reformado sabe que é errado aplaudir no culto porque o “Princípio Regulador do Culto” estabelecido na Confissão de fé de Westminster no capítulo sobre “Culto” orienta que só pode ser usado no culto àquilo que Deus determina. Por isso qualquer outra coisa que não esteja claramente estabelecida nas Escrituras tem seu uso reprovado pelo próprio Deus.
O culto na presente dispensação, ou seja, a nova aliança deve ser observado segundo os princípios dos dois Testamentos, mas deve-se usar apenas os elementos do culto estabelecidos no Novo Testamento (pois no antigo tínhamos diversos sacrifícios e cerimônias que, em Cristo, não são mais necessárias).
No Antigo Testamento tínhamos a liturgia sacerdotal. O povo fora dos átrios do templo batia palmas, dançava e até comia em devoção a Deus. Mas o culto mesmo acontecia dentro do templo com a ação dos sacerdotes e levitas e o silencio do povo nos átrios exteriores. Se queremos observar o Antigo Testamento temos que ver o que os sacerdotes faziam e não o povo; e o que acontecia quando o preceito de Deus quanto ao culto era desobedecido?
Levitico 10:1-2   Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara.  2 Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR.
2 Samuel 6:6-7  Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois  tropeçaram.  7 Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus.

 Hoje nós temos livre acesso a Deus em Cristo Jesus; hoje todos nós somos sacerdotes, todos nós somos levitas; sim, todos nós que fomos nascidos de novo; agora somos, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus. O Novo Testamento nos ensina que Deus nos coloca como sacerdotes, sendo Cristo o Sumo-Sacerdote.  Temos que fazer a respeito do Novo Testamento o mesmo que os sacerdotes faziam no Antigo, isto é, seguir estritamente o que Deus Determina em sua Palavra. Assim sendo, à medida que ele nos dá a liberdade de acesso a Deus em Cristo, ele restringe o culto aos elementos encontrados em sua Palavra! no Novo Testamento temos que o culto deve ser realizado com salmos, hinos, cânticos espirituais, oração, pregação e leitura da Palavra, ofertas, batismo, santa ceia. Mas não existe referência a palmas (nos sentido de aplauso).
Algumas  pessoas argumentam que a sinceridade do coração credencia o uso do aplauso como um ato de louvor. Elas insistem em dizer que ao aplaudir a Jesus com a intenção de louvar, o sentido primário da palavra que é o de “aprovar” deixa de ser importante, uma vez que no coração ela deseja adorar.  Elas fundamentam seu argumento nas palavras de nosso Senhor à mulher de Samaria:
No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.  Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade". (João 4:23-24-NVI)

Isso trás alguns problemas que eu gostaria de destacar:
1º.  A adoração em “espírito” neste texto, de forma alguma pode ser desvinculada da ação do Espírito Santo no meio da Igreja. No AT, o povo entendia que Deus estava no Templo. Mas agora com a presença do Filho no meio do povo, presença essa comunicada de modo especial pelo Espírito, Deus habita na Igreja. Assim sendo, se Deus pelo Espírito Santo está na Igreja, qualquer lugar é lugar legítimo de adoração. Onde quer que ela esteja adorando (corretamente), Jesus estará naquele lugar. Portanto, Jesus só pode estar falando sobre a relativização do “Local” do Culto e não dos “elementos” constitutivos do Culto.
2º.  Colocar o coração do homem como responsável por determinar o que se usa ou não na adoração ao Senhor é uma atitude temerária que, de modo algum vemos nas Escrituras Sagradas. Isso não aconteceu no Antigo Testamento, como vimos acima  e também não aconteceu no Novo Testamento, que, também baseado no texto acima, não devemos entender Deus deixou por nossa conta, ao contrário disso, ele determina os elementos do culto, que embora sejam bem mais simples, são muito mais poderosos e eficazes por causa da obra de Cristo e da operação do Espírito Santo.
3º.  O Coração do Homem não pode ser o que determina os elementos do culto, por causa da natureza pecaminosa do homem. Devemos lembrar as palavras do Deus Todo Poderoso por meio do profeta Jeremias:
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações. (17.9-10)

Isso significa que podemos estar sendo muito sinceros no culto, mas desastrosamente errados. Podemos estar sendo enganados pelo nosso próprio coração. Você pode dizer: “Deus conhece a sinceridade do meu coração”, e Ele conhece mesmo vide o texto bíblico acima. Mas pergunta que eu faço é: Deus é obrigado a aceitar algo errado porque vem de um coração sincero?
Bem sabemos que  ainda hoje, a carne milita contra o Espírito, ou seja, os desejos do coração são contra aquilo que o Espírito Santo, que em nós habita, deseja comunicar. A solução é obvia, é lutar contra os desejos do coração para fazer o que o Espírito ordena. E como o Espírito no comunica  Sua vontade? O Apóstolo Paulo nos orienta a tomar “o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6.17).  Se quisermos seguir a vontade do Espírito Santo no que diz respeito ao culto, devemos ouvir a Palavra da Verdade (2 Timóteo 2.15). Isso é adorar “em Espírito e em Verdade”.

Por isso não posso concordar com os aplausos para Jesus. Porque se o fazemos para louvor e adoração, não deveríamos nos certificar se Deus nos autoriza a fazê-lo ou não? A resposta é obvia: Se Ele não determinou que assim fosse feito, então Ele não autoriza!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Mães Verdadeiras"


"Não matem a criança! Deem-na à primeira mulher. Ela é a mãe".
1 Reis 3.16-28

Um pouco antes de começar a escrever este texto, via pela televisão um programa em que aparecia uma cena real onde um criminoso entrou em confronto com um policial. Depois que ele foi totalmente dominado, de joelhos e com a mão na cabeça, percebeu sua situação e gritou “Mãe!!!”.  No fundo, ele sabia que sua mãe não poderia fazer nada por ele; mas ele sabia que, se ela pudesse, ela faria; sabia, pelo menos, que, embora ela pudesse não concordar com ele, continuaria ao seu lado e o amaria até o fim!
Depois do amor de Deus por nós, certamente o amor materno é a maior expressão do amor que podemos testemunhar (Isaías 49.15). Talvez porque seja o que mais se assemelha ao amor que Deus tem por seus filhos. É um amor doador, capaz de renunciar seu próprio bem em prol do objeto do seu amor. É um amor que, de fato, “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Coríntios 13:7).
O que vemos no famoso episódio relatado no livro dos Reis é uma mulher lutando pelo seu filho, que lhe fora tirado durante a noite por outra mulher que matara inadvertidamente o próprio filho ao deitar-se sobre ele. Ela não tinha como provar diante do Rei Salomão que falava a verdade. O fato de ser prostituta não permitia que a sociedade desse crédito ao que ela falava; e também não tinha testemunhas para ficarem ao lado dela, ou seja, objetivamente, ela não tinha nada.
Mas, perante dela, estava um Rei que se colocara diante do Senhor em oração e pedira sabedoria! Ele sabia que existia mais um elemento capaz de provar quem era mãe de verdade, um elemento que não podia ser trazido à luz a partir do mero depoimento ; não sem o risco de poder ser vencido por uma representação enganosa. O elemento que determinaria quem era a mãe era o amor e, ao ordenar que partissem a criança ao meio, Salomão pretendia saber quem, de fato, amava a criança. No caso relatado, o amor verdadeiro denunciou quem era a genitora.
Mas eu gostaria de colocar uma questão: A outra mulher, notoriamente, não amara nem o filho que perdera tempos antes, quanto mais o bebê que estava vivo. Digo isso porque uma mulher que um dia teve o privilégio de sentir o amor materno jamais deveria querer o mal de criança alguma. Então, por que ela lutava pela criança? Penso que pela possibilidade de ser respeitada pela sociedade, o nascimento de uma criança era um sinal notório da benção de Deus, e o desprezo que a sociedade tinha por ela certamente diminuiria quando a vissem portar seu bebê no colo; também um filho era, por assim dizer,  a “aposentadoria” de uma mulher idosa, que não podia mais trabalhar. Ela só estava pensando nela mesma e, ao meu ver, ao se contentar com a execução da criança, ela estava dando a última cartada, para que no futuro a sociedade pudesse apiedar-se de sua triste história de ter tido seu filho ainda um bebê sendo executado pelo próprio Rei.
A atitude de Salomão teve o propósito de identificar quem amava e, na situação relatada, a genitora era quem amava de verdade. Mas sabemos que nem sempre é isso que acontece, não é verdade? As Escrituras relatam situações em que o amor materno ficou em segundo lugar, como no terrível episódio encontrado em 2 Reis 6.28-29. Ali o amor não conseguiu vencer a ferocidade da fome.
Vamos supor que as duas mulheres tivessem encontrado juntas um bebê abandonado e resolvessem lutar por ele diante do Rei, o artifício usado por Salomão não conseguiria identificar a genitora, mas determinaria a mãe verdadeira, porque a mãe verdadeira era aquela que estava disposta a renunciar o respeito da sociedade e os cuidados futuros de um filho adulto em prol da manutenção da vida daquele que, mesmo sem ter gerado,  amava profundamente.
O leitores podem pensar que estou fugindo do texto, mas não estou. Estou convencido de que o propósito de Salomão era saber quem, de fato, amava a criança e ele descobriu. Ele descobriu quem era a mãe de verdade, porque a mãe “de verdade” é aquela que ama de verdade!
Ordinariamente, esse amor intenso é dado àquela que gera, mas nem sempre acontece assim. Existem mães que nunca geraram e, diante de Deus, são mães do mesmo jeito; existem mães que nunca tiveram as dores do parto; mas, ao cuidar dos filhos que chegaram aos seus braços de outra maneira, sentem a dor de ver o filho com febre, sentem a dor de ver seu filho sofrendo por causa dos mais diversos motivos; também sentem a alegria de ser o instrumento de Deus para o crescimento de seus filhos, alegria de vê-los indo para escola, de vê-los formando uma nova família, de vê-los ao redor da mesa do jantar e brincando no quintal; e também o privilégio de saber que, quando seu filhos estiverem em apuros, não vão gritar “socorro”, não vão gritar nenhuma outra palavra senão “MÃE”.

Que Deus abençoe as “Mães Verdadeiras”

Porque eu Deveria Orar?

   1. A oração nos dá a certeza que nos relacionamos com um Deus Pessoal.  Deus não é mera energia controlada pelo nosso pensamento positivo. Deus é um ser pessoal que ama, que dirige, que decide, que muda a história das vidas das pessoas conforme o conselho de Sua vontade. Quando as pessoas veem alguém falando sozinho dizem que ele está louco, mas quando veem que está orando entendem que ela está falando com alguém, entendem que está falando com Deus. (Sl 106.44-45)
   2.  Embora a oração seja incapaz de mudar a vontade de Deus, orar  não é uma atitude ineficaz (Dn 4.35). Porque Deus usa a oração do seu povo como um instrumento para por seus desígnios em ação (Jó 42.7-8). Quando um desejo intenso de orar invade o nosso coração; quando preocupações com o Reino de Deus começam a ocupar a nossa mente; quando Deus quer mudar o rumo de um enfermo terminal, de um cego espiritual, de uma região sem conhecimento do evangelho, de uma igreja desanimada, Ele começa a comover o seu povo para que estes o busquem em oração incessante e coisas impressionantes comecem a acontecer na terra. (Nm 1.5)
3.   Não devemos entender a oração como um mero instrumento para conseguir bênçãos. A oração, como um meio de graça, como o culto e as Escrituras, é benção em si mesma (Ef 2.13-18). Só podemos nos aproximar de Deus para orar, para cultuar e na eternidade para com Ele morar, porque Cristo Jesus veio a este mundo e se ofereceu em sacrifício para satisfazer a Justiça do Pai. Só podemos entrar em nosso quarto em secreto e receber a recompensa do Deus que nos houve em secreto, porque Jesus morreu em uma cruz.. Porque que podemos chegar confiadamente ao Trono da Graça? A resposta é clara: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas” (Hb 4.15). Sim, a oração só é possível por causa do nosso Sumo Sacerdote, Jesus Cristo! Sim, a oração é um grande presente de Deus para nós!
4.   Na oração testemunhamos o Poder de Deus. A oração não tem poder nenhum! Quem tem poder é Deus. Quando Tiago diz que “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16) a ênfase é no justo e não na oração. O justo é aquele que foi justificado por Deus, e anda totalmente confiante na graça e não em seus próprios méritos. O Justo é dependente de Deus e por ser assim, suas orações não são feitas incorretamente (Tg 4.3), mas expressam o querer de Deus, e por isso são atendidas. Nós não confiamos na oração, assim como nós não confiamos no telefone, confiamos naquele que está do outro lado da linha, o Deus Todo Poderoso. E continuando com a metáfora, a “linha” nada mais é do que a capacidade de Deus nos ouvir, portanto ela não “cai” nunca!
5. Por meio da oração podemos colocar diante de Deus nossas necessidades pessoais e comunitárias. Pela oração podemos pedir o “pão nosso de cada dia” (Mt 6.10); podemos pedir ousadia para proclamar o evangelho (At 4.29) Pelo simples fato de orar comunitariamente podemos fortalecer a comunhão da igreja (At 2.42).
6.  Na Oração contamos com a assistência do Espírito Santo. Devemos aprender a orar corretamente, porém, não é a precisão de nossas orações que as tornam eficazes. Todos nós, neófitos ou amadurecidos na fé, precisamos da assistência e intercessão do Espírito Santo, pelo motivo obvio de que não sabemos orar como convém. (Rm 8.26). Uma oração que se resume em um choro na presença do Senhor tem muito mais possibilidade de ser ouvida do que uma longa e tecnicamente correta (Lc 18.10). A disposição do coração fala muito mais alto.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Porque eu Deveria ir ao Culto?


  1.  Como Filhos de Deus, nós o adoramos para expressar nosso amor. (Dt 11:13) Toda a primeira parte dos mandamentos que tratam da adoração ao Senhor (Ex 20) pode ser resumida em “Amar a Deus acima de todas as Coisas”. Portanto Adorar ao Senhor comunitariamente é um ato de amor ao Deus que nos amou primeiro. Se o amamos, vamos ao culto!
2.Como seres Criados e sustentados por Deus, nós o adoramos para expressar nossa gratidão (Sl 116.12-14)! A Igreja adora ao Deus Trino grata por todas as bênçãos derramadas em sua vida. A benção da salvação, as bênçãos advindas da providência, o alimento, a proteção, a cura, o trabalho, ou seja, o cristão adora a Deus comunitariamente pela bênção da vida.
3.Como servos de Deus, nós nos unimos no culto público para expressar nossa obediência (Ez 22:26). O Cristão se une aos irmãos em cumprimento ao mandamento do Senhor. Ele sabe que não uma questão de estar disposto ou não. Quando a cama ou a diversão falar mais alto, lembre-se que você tem uma ordem para cumprir!
4.Como Cristão, nos reunimos no culto comunitário para desfrutarmos de modo especial da presença do Senhor Jesus Cristo (Mt 18:20). Ele nos deu essa promessa. Os discípulo reunidos viram Jesus partir o pão, reunidos eles viram Jesus Ressurreto, reunidos ele viram o Senhor subir aos Céus; foi quando estavam reunidos que Jesus lhe enviou o Espírito Santo.  Esse deveria ser o desejo maior de todo crente verdadeiro, estar na presença do Senhor Jesus. Se não almejamos isso hoje, porque Deus deveria nos manter junto dele no dia da Glória do Seu Filho. Estar no céu e, finalmente, no “Novo Céu e Nova Terra” é estar na presença de Cristo para sempre; se não queremos isso agora, porque Ele haveria de querer estar conosco depois (Mc 8:38)!
5.Deveríamos nos Reunir em adoração comunitária com um testemunho aos neófitos e aos não cristãos. Seu desânimo desanima os neófitos. Sua indolência o faz um guia cego que conduz outros ao abismo. Quanto aos não crentes, muito embora eles digam que ir ao culto todos os domingos é “fanatismo”, você sabe onde que eles esperam que você esteja neste dia? É isso mesmo, NO CULTO AO SENHOR. No fundo eles querem ver em você uma resposta para suas vidas vazias;  Mas sua permanência fora do seu lugar dá força à incredulidade deles:  “Mas vós vos tendes desviado do caminho e, por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos” (Ml 2:8)
6.Deveríamos nos reunir no culto, para o nosso fortalecimento espiritual. No Culto ouvimos a vós de Deus pela proclamação da Palavra. O culto nos prepara para o Dia de nosso Senhor Jesus Cristo (Hb 10.25). 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Celebração da Ceia no Culto da Alvorada


Cerimônias do Antigo Testamento: Meios da Graça de Deus





Depois que o primeiro pecado ocorreu, não houve nenhum outro meio do ser humano relacionar-se com Deus que não fosse pela ação, de “mão única”, chamada “Graça”. Sim, toda ação humana sincera e amorosa para com Deus não passa de uma resposta à iniciativa divina de nos amar e salvar; iniciativa de Deus de reconciliar um povo com Ele mesmo (Jn 2.9, Ef 2.8; Ap 7.10). Por isso, não podemos confundir o regime da Lei e das observâncias cerimoniais com o “Pacto das Obras” porque este foi feito com o homem enquanto tinha condições de obedecer a Deus, ou seja, antes que o primeiro pecado ocorresse.
O pecado não se trata de uma desobediência a um ser qualquer, mas a Deus e, quanto mais conhecemos a respeito da Santidade e Majestade de Deus, mais sabemos sobre o peso e gravidade do nosso pecado. Este produziu consequências eternas e tão profundas que só o Deus eterno podia mudar (Mt 19.26). Portanto, não era possível um novo “Pacto” com base nas obras do ser humano uma vez que todas as suas ações até as melhores delas não passavam de mera desobediência (para não dizer algo pior! - Is 64.6), pelo simples fato de não serem feitas com o propósito correto.
Deus, para relacionar-se conosco, fez um Novo Pacto, uma Nova Aliança, baseada na “Obra” de Seu Filho Jesus Cristo, que veio ao mundo para ser aquele por meio de quem seríamos salvos da condenação que pesava sobre nós, faria de nós um povo salvo, remido e santo! Sim, “Santos” e, pasmem, “justos”!! Não pelos nossos méritos, mas pelos Seus próprios méritos. Logo, não podemos pensar que Jesus de Nazaré é apenas um personagem do Novo Testamento, como Pedro, João e Paulo. Não, Jesus é o Filho de Deus e está no centro da história. Ele é o Centro do Antigo e do Novo Testamentos.
Nunca houve salvação de seres humanos com base em obras porque estes, quando tiveram a oportunidade de serem obedientes na pessoa do primeiro ser humano, falharam peremptoriamente. Assim sendo, salvação só por meio da graça. A natureza pecaminosa do ser humano o torna, não apenas um deficiente na realização da vontade de Deus, mas “morto” e impossibilitado de sequer compreender as coisas espirituais (1Co 2.14), ou seja, as coisas relacionadas a Deus.
Então, o que foram as Leis cerimoniais, as ofertas e todas aquelas coisas prescritas no Antigo Testamento, se não eram regra para a salvação? Elas eram aquilo que hoje chamamos de “Meios de Graça”. Eram os meios de graça que tinham o propósito de fortalecer a fé no Messias que haveria de vir (Rm 3.20-25). Os cerimoniais do Antigo Testamento Eram “sombras” de Cristo (a imagem real Cl 2.17Hb 10.1), como nos ensina o autor aos Hebreus. Vislumbravam o Messias como um evento por vir; e, como todas as bênçãos advindas com Ele obviamente ainda não tinham ocorrido, era necessário que os meios, ou instrumentos, para fortalecer a fé deles fossem um sistema muito mais complexo e organizado por força de lei. Porque o Espírito que lhes imprimiria a lei no coração não fora enviado (porque só o seria pelo Messias). Essa era uma promessa clara no Antigo Testamento.
Sim, eram “Meios de Graça” do mesmo modo como no Novo Testamento temos a leitura da Palavra, as orações e a adoração comunitária. Essas, embora bem mais simples, são muito mais poderosas em seus efeitos de fortalecimento da fé por causa do Espírito Santo que fora enviado no Dia de Pentecostes, e que habita na Igreja de Cristo e a ensina no caminho em que deve andar.

Romanos 3.21-31

Romanos 3.21-31