Depois que o primeiro pecado ocorreu, não houve nenhum outro meio do ser humano relacionar-se com Deus que não fosse pela ação, de “mão única”, chamada “Graça”. Sim, toda ação humana sincera e amorosa para com Deus não passa de uma resposta à iniciativa divina de nos amar e salvar; iniciativa de Deus de reconciliar um povo com Ele mesmo (Jn 2.9, Ef 2.8; Ap 7.10). Por isso, não podemos confundir o regime da Lei e das observâncias cerimoniais com o “Pacto das Obras” porque este foi feito com o homem enquanto tinha condições de obedecer a Deus, ou seja, antes que o primeiro pecado ocorresse.
O pecado não se trata de uma desobediência a um ser
qualquer, mas a Deus e, quanto mais conhecemos a respeito da Santidade e
Majestade de Deus, mais sabemos sobre o peso e gravidade do nosso pecado. Este produziu
consequências eternas e tão profundas que só o Deus eterno podia mudar (Mt
19.26). Portanto, não era possível um novo “Pacto” com base nas obras do ser
humano uma vez que todas as suas ações até as melhores delas não passavam de mera
desobediência (para não dizer algo pior! - Is 64.6), pelo simples fato de não
serem feitas com o propósito correto.
Deus, para relacionar-se conosco, fez um Novo Pacto,
uma Nova Aliança, baseada na “Obra” de Seu Filho Jesus Cristo, que veio ao
mundo para ser aquele por meio de quem seríamos salvos da condenação que pesava
sobre nós, faria de nós um povo salvo, remido e santo! Sim, “Santos” e, pasmem,
“justos”!! Não pelos nossos méritos, mas pelos Seus próprios méritos. Logo, não
podemos pensar que Jesus de Nazaré é apenas um personagem do Novo Testamento,
como Pedro, João e Paulo. Não, Jesus é o Filho de Deus e está no centro da
história. Ele é o Centro do Antigo e do Novo Testamentos.
Nunca houve salvação de seres humanos com base em
obras porque estes, quando tiveram a oportunidade de serem obedientes na pessoa
do primeiro ser humano, falharam peremptoriamente. Assim sendo, salvação só por
meio da graça. A natureza pecaminosa do ser humano o torna, não apenas um
deficiente na realização da vontade de Deus, mas “morto” e impossibilitado de
sequer compreender as coisas espirituais (1Co 2.14), ou seja, as coisas
relacionadas a Deus.
Então, o que foram as Leis cerimoniais, as ofertas e
todas aquelas coisas prescritas no Antigo Testamento, se não eram regra para a
salvação? Elas eram aquilo que hoje chamamos de “Meios de Graça”. Eram os meios
de graça que tinham o propósito de fortalecer a fé no Messias que haveria de
vir (Rm 3.20-25). Os cerimoniais do Antigo Testamento Eram “sombras” de Cristo
(a imagem real Cl 2.17, Hb 10.1), como nos ensina o autor aos Hebreus. Vislumbravam o
Messias como um evento por vir; e, como todas as bênçãos advindas com Ele obviamente
ainda não tinham ocorrido, era necessário que os meios, ou instrumentos, para
fortalecer a fé deles fossem um sistema muito mais complexo e organizado por força
de lei. Porque o Espírito que lhes imprimiria a lei no coração não fora enviado
(porque só o seria pelo Messias). Essa era uma promessa clara no Antigo
Testamento.
Sim, eram “Meios de Graça” do mesmo modo como no
Novo Testamento temos a leitura da Palavra, as orações e a adoração comunitária.
Essas, embora bem mais simples, são muito mais poderosas em seus efeitos de
fortalecimento da fé por causa do Espírito Santo que fora enviado no Dia de
Pentecostes, e que habita na Igreja de Cristo e a ensina no caminho em que deve
andar.
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