quarta-feira, 16 de maio de 2012

Saudades das “Tolas” Discussões do Passado



Lembro-me que quando o Senhor Jesus me salvou logo me deu uma vontade muito grande de conhecer as Doutrinas da Igreja. Pedi a um amigo seminarista que me indicasse um livro que tivesse as doutrinas da Bíblia e ele me indicou um livro de Teologia Sistemática de Louis Berkhof muito conhecido dos seminários presbiterianos. É isso mesmo! depois da Bíblia, um dos meus primeiros livros cristãos foi logo um livro de Teologia Sistemática. Com um pouco mais de um ano de conversão eu já estava familiarizado  expressões como “Supralapsarianismo”, “prémilenismo dispensacionalista” e coisas deste tipo.
O problema foi que muita teologia e pouca oração fez de mim uma pessoa afeita a discussões teológicas.  Vez por outra eu me via discutindo com batistas sobre a forma de batismo, a doutrina das últimas coisas (o milênio principalmente); e também discutia com os amigos da Assembleia de Deus sobre a questão do batismo do Espírito Santo, dons de língua e etc. Reconheço que nem sempre o meu prazer estava em defender a fé, mas em vencer as discussões! Com o passar do tempo isso foi acabando e com a “maturidade” percebi que tais discussões eram tolas e sem sentido.
Por outro lado todo o movimento evangélico estava mudando. O relativismo não mais permitia discussões doutrinárias e o pluralismo fazia com que as pessoas cressem em tudo, até naquelas coisas que não podiam coexistir, que eram contraditórias em si mesmas.  O evangelicalismo brasileiro que a muito tempo não tinha mais a vestes das igrejas históricas, já estava se despindo dos trajes pentecostais e se cobrindo com a roupagem neopentecostal. Agora os  evangélicos estavam crendo em tudo, um paganismo disfarçado adentrou pelas portas das igrejas e tomou conta de tudo. A relativização moral promovida pelo abandono das doutrinas bíblicas e pela descrença de valores absolutos moldou e continua a moldar a maioria dos crentes brasileiros. Hoje ninguém mais discute doutrina, porque doutrina não é interessante. A  Bíblia, que continua batendo recordes de venda é lida só em suas notas de rodapé (para ajuda financeira, saúde, autoajuda e etc).
Minha mente voltou ao passado, na lembrança das discussões “Tolas” e as lágrimas me vieram aos olhos com saudades daquela época. Não por causa das discussões em si, mas por aquilo que elas representavam. Aquelas discussões apontavam para denominações que valorizavam doutrinas conectadas a princípios bíblicos preciosos.
O que eu quero dizer é que aquelas discussões sobre forma de batismo eram importantes porque as igrejas ainda davam importância para a união espiritual do povo de Deus. Elas criam que existia uma Igreja Visível, que o Rito de entrada nesta igreja era o batismo, independente da forma.  Presbiterianos, batistas, metodistas, assembleianos, congregacionais e outros entendiam que mais importante que o número de membros, era o membro em si, chamava-os de irmãos porque passaram pelo batismo, foram recebido no corpo da igreja e o que acontecesse com eles os atingiria também.
As discussões sobre milenismo, pósmilenismo e amilenismos indicavam para aquelas igrejas que a volta do Senhor Jesus era importante, e que a interpretação que davam a respeito do Seu retorno demonstrava a expectativa. Eu, na minha “tolice”, podia dizer para um batista ou assembleiano que quando Jesus voltasse a gente ia tirar a “prova dos nove” para ver quem tinha razão. Mas o que estava por traz disso era que eu cria que todos nós pela fé no mesmo Cristo estaríamos juntos depois da consumação de todas as coisas, porque independente de nossas diferenças em questões secundárias, eu os tinha como irmãos.
As discussões “tolas” sobre se o crente deveria buscar o “Batismo” com o Espírito Santo ou o “Enchimento” do Espírito demonstravam que a grande parte dos crentes que criam nessas coisas estavam, a seu modo, buscando santidade, avivamento e capacitação para o serviço cristão. Sim as igrejas queriam pregar o evangelho da melhor maneira possível, queriam ser usadas por Deus, queriam ser submissas às Escrituras Sagradas, queriam comunhão verdadeira, queriam que o Senhor Jesus voltasse logo. Sim as discussões eram tolas, mas indicavam algo bom!
Hoje ninguém discute mais! E eu me pergunto: Será que alcançamos a maturidade cristã de nos firmarmos em questões essenciais e sermos tolerantes nas não essenciais? Eu temo que a resposta seja “não”. Penso que as questões doutrinárias tão importantes para a vida da igreja deixaram de ser importantes para a grande maioria dos evangélicos. Comunhão, Santidade, Justificação, Parousia deixaram de ser prioridades. Pergunto-me se a maioria dos crentes de hoje saberiam responder “porque Cristo morreu em uma Cruz”.  Se não sabem, elas simplesmente não são salvas, por que esta não é uma questão secundária, mas central, assim como a doutrina da Trindade, da Ressurreição e outras. Se não cremos nelas, porque não as conhecemos, simplesmente não existe cristianismo, e nas palavras do Apóstolo Paulo, “é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”. (1 Coríntios 15.17)

Não! não amadurecemos, por isso ainda sinto saudades das “Tolas discussões” do passado!

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