segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Mães Verdadeiras"


"Não matem a criança! Deem-na à primeira mulher. Ela é a mãe".
1 Reis 3.16-28

Um pouco antes de começar a escrever este texto, via pela televisão um programa em que aparecia uma cena real onde um criminoso entrou em confronto com um policial. Depois que ele foi totalmente dominado, de joelhos e com a mão na cabeça, percebeu sua situação e gritou “Mãe!!!”.  No fundo, ele sabia que sua mãe não poderia fazer nada por ele; mas ele sabia que, se ela pudesse, ela faria; sabia, pelo menos, que, embora ela pudesse não concordar com ele, continuaria ao seu lado e o amaria até o fim!
Depois do amor de Deus por nós, certamente o amor materno é a maior expressão do amor que podemos testemunhar (Isaías 49.15). Talvez porque seja o que mais se assemelha ao amor que Deus tem por seus filhos. É um amor doador, capaz de renunciar seu próprio bem em prol do objeto do seu amor. É um amor que, de fato, “Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Coríntios 13:7).
O que vemos no famoso episódio relatado no livro dos Reis é uma mulher lutando pelo seu filho, que lhe fora tirado durante a noite por outra mulher que matara inadvertidamente o próprio filho ao deitar-se sobre ele. Ela não tinha como provar diante do Rei Salomão que falava a verdade. O fato de ser prostituta não permitia que a sociedade desse crédito ao que ela falava; e também não tinha testemunhas para ficarem ao lado dela, ou seja, objetivamente, ela não tinha nada.
Mas, perante dela, estava um Rei que se colocara diante do Senhor em oração e pedira sabedoria! Ele sabia que existia mais um elemento capaz de provar quem era mãe de verdade, um elemento que não podia ser trazido à luz a partir do mero depoimento ; não sem o risco de poder ser vencido por uma representação enganosa. O elemento que determinaria quem era a mãe era o amor e, ao ordenar que partissem a criança ao meio, Salomão pretendia saber quem, de fato, amava a criança. No caso relatado, o amor verdadeiro denunciou quem era a genitora.
Mas eu gostaria de colocar uma questão: A outra mulher, notoriamente, não amara nem o filho que perdera tempos antes, quanto mais o bebê que estava vivo. Digo isso porque uma mulher que um dia teve o privilégio de sentir o amor materno jamais deveria querer o mal de criança alguma. Então, por que ela lutava pela criança? Penso que pela possibilidade de ser respeitada pela sociedade, o nascimento de uma criança era um sinal notório da benção de Deus, e o desprezo que a sociedade tinha por ela certamente diminuiria quando a vissem portar seu bebê no colo; também um filho era, por assim dizer,  a “aposentadoria” de uma mulher idosa, que não podia mais trabalhar. Ela só estava pensando nela mesma e, ao meu ver, ao se contentar com a execução da criança, ela estava dando a última cartada, para que no futuro a sociedade pudesse apiedar-se de sua triste história de ter tido seu filho ainda um bebê sendo executado pelo próprio Rei.
A atitude de Salomão teve o propósito de identificar quem amava e, na situação relatada, a genitora era quem amava de verdade. Mas sabemos que nem sempre é isso que acontece, não é verdade? As Escrituras relatam situações em que o amor materno ficou em segundo lugar, como no terrível episódio encontrado em 2 Reis 6.28-29. Ali o amor não conseguiu vencer a ferocidade da fome.
Vamos supor que as duas mulheres tivessem encontrado juntas um bebê abandonado e resolvessem lutar por ele diante do Rei, o artifício usado por Salomão não conseguiria identificar a genitora, mas determinaria a mãe verdadeira, porque a mãe verdadeira era aquela que estava disposta a renunciar o respeito da sociedade e os cuidados futuros de um filho adulto em prol da manutenção da vida daquele que, mesmo sem ter gerado,  amava profundamente.
O leitores podem pensar que estou fugindo do texto, mas não estou. Estou convencido de que o propósito de Salomão era saber quem, de fato, amava a criança e ele descobriu. Ele descobriu quem era a mãe de verdade, porque a mãe “de verdade” é aquela que ama de verdade!
Ordinariamente, esse amor intenso é dado àquela que gera, mas nem sempre acontece assim. Existem mães que nunca geraram e, diante de Deus, são mães do mesmo jeito; existem mães que nunca tiveram as dores do parto; mas, ao cuidar dos filhos que chegaram aos seus braços de outra maneira, sentem a dor de ver o filho com febre, sentem a dor de ver seu filho sofrendo por causa dos mais diversos motivos; também sentem a alegria de ser o instrumento de Deus para o crescimento de seus filhos, alegria de vê-los indo para escola, de vê-los formando uma nova família, de vê-los ao redor da mesa do jantar e brincando no quintal; e também o privilégio de saber que, quando seu filhos estiverem em apuros, não vão gritar “socorro”, não vão gritar nenhuma outra palavra senão “MÃE”.

Que Deus abençoe as “Mães Verdadeiras”

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