A Algum tempo escrevi um texto sobre palmas (aplauso) que a
agora transcrevo acrescentado de alguns parágrafos.
Vou apontar alguns argumentos que me fazem discordar do
gesto de “Bater palmas para Jesus” ou “aplaudir Jesus” ou mesmo aplaudir o
grupo que está cantando em um culto.
Antigamente, ninguém aplaudia ninguém nas igrejas, todos
eram muito reservados e desconfiavam desse tipo de atitude. A ideia de aplaudir Jesus surgiu nos Shows
Gospel promovidos pelas rádios e gravadoras evangélicas e depois começou a ser reproduzida
nas igrejas;
É errado aplaudir o cantor ou o grupo que está pretensamente
adorando a Deus, justamente por isso; porque a adoração é a Deus e não a homens
e em segundo lugar, aplaudir é errado porque não constitui uma forma bíblica de
adoração à Deus, como veremos mais abaixo;
É errado aplaudir no culto porque é um gesto de aprovação
como declara o dicionário Caldas Aulete: “...
Demonstrar aprovação a (algo, alguém ou si mesmo); APROVAR(-SE); ELOGIAR(-SE).
[td.: aplaudir uma decisão: Aplaudiram -se pela brilhante ideia.]”. O Adorador não está em condição de
aprovar nada, pois se tivesse, estaria também na condição de reprovar. Nós
aplaudimos filmes, peças teatrais e artistas porque aprovamos e gostamos do que
eles fazem, mas se não gostamos, acabamos vaiando. O que muitas pessoas não
conseguem ver é que se o culto fosse teatro, Deus é que estaria no banco e os
adoradores no palco. É Deus quem aplaudiria ou reprovaria o nosso culto. E é
exatamente isso que Ele faz quando há pecado no culto (Isaías 1.13-15).
Pra quem é protestante reformado sabe que é errado aplaudir
no culto porque o “Princípio Regulador do Culto” estabelecido na Confissão de
fé de Westminster no capítulo sobre “Culto” orienta que só pode ser usado no
culto àquilo que Deus determina. Por isso qualquer outra coisa que não esteja
claramente estabelecida nas Escrituras tem seu uso reprovado pelo próprio Deus.
O culto na presente dispensação, ou seja, a nova aliança
deve ser observado segundo os princípios dos dois Testamentos, mas deve-se usar
apenas os elementos do culto estabelecidos no Novo Testamento (pois no antigo
tínhamos diversos sacrifícios e cerimônias que, em Cristo, não são mais
necessárias).
No Antigo Testamento tínhamos a liturgia sacerdotal. O povo
fora dos átrios do templo batia palmas, dançava e até comia em devoção a Deus.
Mas o culto mesmo acontecia dentro do templo com a ação dos sacerdotes e
levitas e o silencio do povo nos átrios exteriores. Se queremos observar o
Antigo Testamento temos que ver o que os sacerdotes faziam e não o povo; e o
que acontecia quando o preceito de Deus quanto ao culto era desobedecido?
Levitico 10:1-2 Nadabe
e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo,
e sobre este, incenso, e trouxeram fogo
estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. 2 Então, saiu fogo de diante do
SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR.
2 Samuel 6:6-7 Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá
a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois tropeçaram.
7 Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência;
e morreu ali junto à arca de Deus.
Hoje nós temos livre acesso a
Deus em Cristo Jesus; hoje todos nós somos sacerdotes, todos nós somos levitas;
sim, todos nós que fomos nascidos de novo; agora somos, sacerdócio real, nação
santa, povo de propriedade exclusiva de Deus. O Novo Testamento nos ensina que
Deus nos coloca como sacerdotes, sendo Cristo o Sumo-Sacerdote. Temos que fazer a respeito do Novo Testamento
o mesmo que os sacerdotes faziam no Antigo, isto é, seguir estritamente o que
Deus Determina em sua Palavra. Assim sendo, à medida que ele nos dá a liberdade
de acesso a Deus em Cristo, ele restringe o culto aos elementos encontrados em
sua Palavra! no Novo Testamento temos que o culto deve ser realizado com
salmos, hinos, cânticos espirituais, oração, pregação e leitura da Palavra,
ofertas, batismo, santa ceia. Mas não existe referência a palmas (nos
sentido de aplauso).
Algumas pessoas argumentam que a sinceridade do
coração credencia o uso do aplauso como um ato de louvor. Elas insistem em
dizer que ao aplaudir a Jesus com a intenção de louvar, o sentido primário da
palavra que é o de “aprovar” deixa de ser importante, uma vez que no coração
ela deseja adorar. Elas fundamentam seu
argumento nas palavras de nosso Senhor à mulher de Samaria:
No entanto, está chegando a hora, e
de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito
e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade". (João 4:23-24-NVI)
Isso trás
alguns problemas que eu gostaria de destacar:
1º.
A adoração em “espírito” neste texto, de forma alguma pode ser desvinculada
da ação do Espírito Santo no meio da Igreja. No AT, o povo entendia que Deus
estava no Templo. Mas agora com a presença do Filho no meio do povo, presença
essa comunicada de modo especial pelo Espírito, Deus habita na Igreja. Assim
sendo, se Deus pelo Espírito Santo está na Igreja, qualquer lugar é lugar
legítimo de adoração. Onde quer que ela esteja adorando (corretamente), Jesus
estará naquele lugar. Portanto, Jesus só pode estar falando sobre a relativização
do “Local” do Culto e não dos “elementos” constitutivos do Culto.
2º.
Colocar o coração do homem como responsável por determinar o que se usa
ou não na adoração ao Senhor é uma atitude temerária que, de modo algum vemos nas
Escrituras Sagradas. Isso não aconteceu no Antigo Testamento, como vimos
acima e também não aconteceu no Novo
Testamento, que, também baseado no texto acima, não devemos entender Deus
deixou por nossa conta, ao contrário disso, ele determina os elementos do
culto, que embora sejam bem mais simples, são muito mais poderosos e eficazes por
causa da obra de Cristo e da operação do Espírito Santo.
3º.
O Coração do Homem não pode ser o que determina os elementos do culto,
por causa da natureza pecaminosa do homem. Devemos lembrar as palavras do Deus
Todo Poderoso por meio do profeta Jeremias:
Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o
conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto
para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações. (17.9-10)
Isso significa que podemos
estar sendo muito sinceros no culto, mas desastrosamente errados. Podemos estar
sendo enganados pelo nosso próprio coração. Você pode dizer: “Deus conhece a
sinceridade do meu coração”, e Ele conhece mesmo vide o texto bíblico acima.
Mas pergunta que eu faço é: Deus é obrigado a aceitar algo errado porque
vem de um coração sincero?
Bem sabemos que ainda hoje, a carne milita contra o Espírito,
ou seja, os desejos do coração são contra aquilo que o Espírito Santo, que em
nós habita, deseja comunicar. A solução é obvia, é lutar contra os desejos do
coração para fazer o que o Espírito ordena. E como o Espírito no comunica Sua vontade? O Apóstolo Paulo nos orienta a
tomar “o capacete da salvação e a espada
do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6.17). Se quisermos seguir a vontade do Espírito
Santo no que diz respeito ao culto, devemos ouvir a Palavra da Verdade (2
Timóteo 2.15). Isso é adorar “em
Espírito e em Verdade”.
Por isso não posso concordar
com os aplausos para Jesus. Porque se o fazemos para louvor e adoração, não
deveríamos nos certificar se Deus nos autoriza a fazê-lo ou não? A resposta é
obvia: Se Ele não determinou que assim fosse feito, então Ele não autoriza!
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