sexta-feira, 11 de maio de 2012

“Palmas para Jesus”


A Algum tempo escrevi um texto sobre palmas (aplauso) que a agora transcrevo acrescentado de alguns parágrafos.

Vou apontar alguns argumentos que me fazem discordar do gesto de “Bater palmas para Jesus” ou “aplaudir Jesus” ou mesmo aplaudir o grupo que está cantando em um culto.
Antigamente, ninguém aplaudia ninguém nas igrejas, todos eram muito reservados e desconfiavam desse tipo de atitude. A  ideia de aplaudir Jesus surgiu nos Shows Gospel promovidos pelas rádios e gravadoras evangélicas e depois começou a ser reproduzida nas igrejas;
É errado aplaudir o cantor ou o grupo que está pretensamente adorando a Deus, justamente por isso; porque a adoração é a Deus e não a homens e em segundo lugar, aplaudir é errado porque não constitui uma forma bíblica de adoração à Deus, como veremos mais abaixo;
É errado aplaudir no culto porque é um gesto de aprovação como declara o dicionário Caldas Aulete: “... Demonstrar aprovação a (algo, alguém ou si mesmo); APROVAR(-SE); ELOGIAR(-SE). [td.: aplaudir uma decisão: Aplaudiram -se pela brilhante ideia.]”. O Adorador não está em condição de aprovar nada, pois se tivesse, estaria também na condição de reprovar. Nós aplaudimos filmes, peças teatrais e artistas porque aprovamos e gostamos do que eles fazem, mas se não gostamos, acabamos vaiando. O que muitas pessoas não conseguem ver é que se o culto fosse teatro, Deus é que estaria no banco e os adoradores no palco. É Deus quem aplaudiria ou reprovaria o nosso culto. E é exatamente isso que Ele faz quando há pecado no culto (Isaías 1.13-15).
Pra quem é protestante reformado sabe que é errado aplaudir no culto porque o “Princípio Regulador do Culto” estabelecido na Confissão de fé de Westminster no capítulo sobre “Culto” orienta que só pode ser usado no culto àquilo que Deus determina. Por isso qualquer outra coisa que não esteja claramente estabelecida nas Escrituras tem seu uso reprovado pelo próprio Deus.
O culto na presente dispensação, ou seja, a nova aliança deve ser observado segundo os princípios dos dois Testamentos, mas deve-se usar apenas os elementos do culto estabelecidos no Novo Testamento (pois no antigo tínhamos diversos sacrifícios e cerimônias que, em Cristo, não são mais necessárias).
No Antigo Testamento tínhamos a liturgia sacerdotal. O povo fora dos átrios do templo batia palmas, dançava e até comia em devoção a Deus. Mas o culto mesmo acontecia dentro do templo com a ação dos sacerdotes e levitas e o silencio do povo nos átrios exteriores. Se queremos observar o Antigo Testamento temos que ver o que os sacerdotes faziam e não o povo; e o que acontecia quando o preceito de Deus quanto ao culto era desobedecido?
Levitico 10:1-2   Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara.  2 Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR.
2 Samuel 6:6-7  Quando chegaram à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus e a segurou, porque os bois  tropeçaram.  7 Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus.

 Hoje nós temos livre acesso a Deus em Cristo Jesus; hoje todos nós somos sacerdotes, todos nós somos levitas; sim, todos nós que fomos nascidos de novo; agora somos, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus. O Novo Testamento nos ensina que Deus nos coloca como sacerdotes, sendo Cristo o Sumo-Sacerdote.  Temos que fazer a respeito do Novo Testamento o mesmo que os sacerdotes faziam no Antigo, isto é, seguir estritamente o que Deus Determina em sua Palavra. Assim sendo, à medida que ele nos dá a liberdade de acesso a Deus em Cristo, ele restringe o culto aos elementos encontrados em sua Palavra! no Novo Testamento temos que o culto deve ser realizado com salmos, hinos, cânticos espirituais, oração, pregação e leitura da Palavra, ofertas, batismo, santa ceia. Mas não existe referência a palmas (nos sentido de aplauso).
Algumas  pessoas argumentam que a sinceridade do coração credencia o uso do aplauso como um ato de louvor. Elas insistem em dizer que ao aplaudir a Jesus com a intenção de louvar, o sentido primário da palavra que é o de “aprovar” deixa de ser importante, uma vez que no coração ela deseja adorar.  Elas fundamentam seu argumento nas palavras de nosso Senhor à mulher de Samaria:
No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.  Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade". (João 4:23-24-NVI)

Isso trás alguns problemas que eu gostaria de destacar:
1º.  A adoração em “espírito” neste texto, de forma alguma pode ser desvinculada da ação do Espírito Santo no meio da Igreja. No AT, o povo entendia que Deus estava no Templo. Mas agora com a presença do Filho no meio do povo, presença essa comunicada de modo especial pelo Espírito, Deus habita na Igreja. Assim sendo, se Deus pelo Espírito Santo está na Igreja, qualquer lugar é lugar legítimo de adoração. Onde quer que ela esteja adorando (corretamente), Jesus estará naquele lugar. Portanto, Jesus só pode estar falando sobre a relativização do “Local” do Culto e não dos “elementos” constitutivos do Culto.
2º.  Colocar o coração do homem como responsável por determinar o que se usa ou não na adoração ao Senhor é uma atitude temerária que, de modo algum vemos nas Escrituras Sagradas. Isso não aconteceu no Antigo Testamento, como vimos acima  e também não aconteceu no Novo Testamento, que, também baseado no texto acima, não devemos entender Deus deixou por nossa conta, ao contrário disso, ele determina os elementos do culto, que embora sejam bem mais simples, são muito mais poderosos e eficazes por causa da obra de Cristo e da operação do Espírito Santo.
3º.  O Coração do Homem não pode ser o que determina os elementos do culto, por causa da natureza pecaminosa do homem. Devemos lembrar as palavras do Deus Todo Poderoso por meio do profeta Jeremias:
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações. (17.9-10)

Isso significa que podemos estar sendo muito sinceros no culto, mas desastrosamente errados. Podemos estar sendo enganados pelo nosso próprio coração. Você pode dizer: “Deus conhece a sinceridade do meu coração”, e Ele conhece mesmo vide o texto bíblico acima. Mas pergunta que eu faço é: Deus é obrigado a aceitar algo errado porque vem de um coração sincero?
Bem sabemos que  ainda hoje, a carne milita contra o Espírito, ou seja, os desejos do coração são contra aquilo que o Espírito Santo, que em nós habita, deseja comunicar. A solução é obvia, é lutar contra os desejos do coração para fazer o que o Espírito ordena. E como o Espírito no comunica  Sua vontade? O Apóstolo Paulo nos orienta a tomar “o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” (Efésios 6.17).  Se quisermos seguir a vontade do Espírito Santo no que diz respeito ao culto, devemos ouvir a Palavra da Verdade (2 Timóteo 2.15). Isso é adorar “em Espírito e em Verdade”.

Por isso não posso concordar com os aplausos para Jesus. Porque se o fazemos para louvor e adoração, não deveríamos nos certificar se Deus nos autoriza a fazê-lo ou não? A resposta é obvia: Se Ele não determinou que assim fosse feito, então Ele não autoriza!

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